O Verão está de malas arrumadas. Está lentamente a mudar-se para outras paragens.
Nesta altura, aqui há uns anos, vivia o nervosinho excitado de voltar à escola. Conhecer a nova turma, os novos professores e a minha parte favorita: Os livros e cadernos novos.
Lembro-me da maior e melhor prenda que a minha mãe já me ofereceu.
Naquele dia, não sabia muito bem o que me esperava, quando entramos numa das melhores papelarias da cidade. Preparava-me então para me estrear no nono ano e perfeitamente ciente da nossa situação económica nunca fiz grandes exigências à minha mãe, mas naquele dia a compra do material foi deixado a meu critério. Não me esqueço da mochila que escolhi - uma Replay verde escuro, parecia uma mochila do exercito, com excelente arrumação e grande conforto, dos cadernos de capa preta de tamanho A4 e da lapiseira de minas que me foi oferecida pelo dono da papelaria...
Nesse ano, não houve cadernos reaproveitados do ano anterior, nem borrachas meio gastas, foi mesmo tudo novo! No fundo, eu sempre fui um privilegiado, embora raras vezes me desse de conta.
Agora, aqui sentado sob este sol de Outono, sinto saudades do sorriso menino que tinha nessa altura em que as preocupações passavam apenas por tirar as melhores notas e não chegar atrasado às aulas.
Somos seres insatisfeitos por natureza e muitas vezes nem sequer nos chegamos a aperceber que o que vivemos é felicidade, dando-nos apenas de conta quando esbarramos num dos muitos muros altos que se levantam no nosso caminho.
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