O Sporting subiu ao topo da Europa e meteu ao bolso o primeiro título da temporada. Não foi obra da equipa de futebol profissional, que vai renascendo nas mãos de Carvalhal, mas sim da sua Academia, que recebeu um certificado de qualidade. Foi a primeira organização desportiva europeia a merecer a distinção da Empresa Internacional de Certificação (EIC), sendo ao mesmo tempo reconhecida como Modelo de Excelência, isto segundo a European Foundation for Quality Management, cujos padrões de avaliação são chancelados pela Associação Portuguesa para a Qualidade (APQ). Na base deste prémio estão, entre outros, os processos de recrutamento de jogadores e de formação desportiva, cuja aplicação e eficiência foram determinantes para abastecer o plantel principal com mais de duas dezenas de jovens futebolistas (21 jogaram mesmo) em apenas sete anos e sete meses, o tempo de vida da Academia - ou do Jardim de Alcochete, como lhe chamava o antigo treinador leonino Laszlo Boloni.
Assumido a 21 de Junho de 2002, o compromisso de construir a equipa profissional "a partir dos talentos que nascem na Academia" foi ontem reafirmado no auditório de Alvalade pelo presidente do Sporting, José Eduardo Bettencourt, numa cerimónia que contou com as presenças do presidente da APQ, José Figueiredo Soares, do secretário de Estado da Juventude e do Desporto, Laurentino Dias, e do director da Academia Sporting Puma, Pedro Mil-Homens, entre outras personalidades.
Fazer da fábrica de talentos a principal fonte de recrutamento do plantel sénior é um dos objectivos de raiz do projecto que perduram, embora actualmente se discuta o perigo do excesso de responsabilidade e de exigência que tem sido posto às costas dos mais jovens. O modelo de governação vigente preconiza uma solução de equilíbrio, mas o aproveitamento da prata da casa - cuja dimensão tem crescido de forma progressiva com a passagem dos anos - é bem notório no grupo de trabalho, que reúne oito jogadores forjados em Alcochete. São eles: Rui Patrício, Daniel Carriço, Adrien, João Moutinho, Miguel Veloso, Yannick Djaló, Pereirinha e Saleiro.
Se as expectativas desportivas têm sido satisfeitas, as financeiras nem tanto. A Academia foi pensada para formar e depois vender pelo menos um talento a cada um ou dois anos, mas a contracção da economia e do mercado não têm ajudado. E o que a prática mostra é que apenas dois produtos da Academia foram vendidos: Nani, pelo valor recorde de 25,5 milhões de euros, e Custódio, por 1,5 milhões de euros. Ao todo, a SAD encaixou 27 milhões de euros.
artigo de João Sanches na edição do Jornal "O Jogo" de dia 20 de Janeiro de 2010
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