quinta-feira, 27 de maio de 2010

Divagações de um leigo

Crise. A palavra mais ouvida na boca de todos ultimamente. As empresas queixam-se, os empregados queixam-se, os desempregados desesperam.

Confesso que a situação do país, fez crescer em mim algo que nunca tive e que na minha modesta opinião, falta, de uma forma geral, aos Portugueses. Algo que vou chamar de consciência social. Há uns tempos, com a situação complicada que vivia (e continuo a viver até certo ponto) na minha empresa, o pensamento mais frequente era: "Se tudo der para o torto, sempre terei o fundo de desemprego". Isto mudou. Eu não quero ficar sem emprego, eu não quero usufruir do fundo de desemprego, eu quero mesmo trabalhar. Quero contribuir para que este país cresça e se torne em alguma coisa digna dessa história que connosco carregamos.

Foi aí que comecei a querer divagar. Utopicamente, claro está. Ocorreu-me o seguinte.

Desde 1974, já tivemos múltiplas crises económicas. No principio dos anos 80, e dos anos 90, estivemos em crise, para acabar a década de 90 com um crescimento económico acelerado mas inflacionado pela entrada no euro.

"Não há maior sinal de loucura do que fazer uma coisa repetidamente e esperar a cada vez um resultado diferente."

Einstein

Esta afirmação é tanto verdade para a ciência como para a economia ou para a vida. Então porque é que sucessivos Governos, seja de PS ou de PSD continuam a insistir no mesmo modelo económico? Um modelo ultrapassado, errado, que nunca mostrou resultados sólidos e positivos, que não inspira confiança nem aos mercados, nem aos consumidores nem às empresas.

Sejamos realistas: nós em números, somos um zero à esquerda.

A verdade é que há, em Portugal e no estrangeiro, ENORMES profissionais. Um exemplo que posso dar de experiência própria, é a minha breve passagem por Londres, onde tive o privilégio de conhecer alguns exemplos de profissionais extremamente dotados e com alto nível de formação que por falta exactamente de estímulo para permanecerem em Portugal foram "obrigados" a procurar novos rumos fora do país.

Ultimamente, toda a gente crítica Governo e oposição - não necessariamente por esta ordem - por não estarem a tomar as medidas certas no combate a esta crise (a palavra chave, ei-la novamente), mas poucos são os que apresentam soluções reais. Sim, é certo e sabido que não adiar as grandes obras é uma argolada, que o aumento forçado de impostos vai ir muito além de 2012 e que vai provavelmente fazer com que Portugal volte a entrar em recessão técnica, mas e a longo prazo? Falamos da redução da despesa, do "monstro" da administração pública, mas ninguém responde claramente (que eu tenha tido oportunidade de ler ou ver) à pergunta mais importante: Como?

É por aqui que quero entrar. Como leigo que sou, mero treinador de bancada, penso que é altura de pensarmos em grande. Caramba, já se passaram mais de 30 anos desde o 25 de Abril e parece que continuamos ainda no PREC!!
Facto: esta legislatura tem poderes de revisão constitucional. A única pessoa a insistir neste facto, com alguma visibilidade é Pedro Passos Coelho. Porque não então pegar nisso e fazer o que tem de ser feito? Portugal é diferente da Finlândia e da Inglaterra. Temos especificidades que eles não têm e vice versa. Então porquê tentar copiar os modelos económicos destes países? Isto é algo que à partida já deixa de fazer muito sentido.
Eis o que me parece uma solução (utopicamente falando). Reunir uma "Task Force" de Portugueses (atentem ao Portugueses). Desde Economistas, Sociólogos, pessoas com profundo conhecimento da lei, Académicos e repensar, seriamente o nosso modelo económico? Temos grandes profissionais em todas estas áreas, só batemos no fundo se quisermos mesmo!

É preciso acabar com o Estado Social. É preciso acabar com os abusos constantes. Acima de tudo, é preciso acabar com a indiferença com que o Povo Português olha para tudo isto. O encolher de ombros já não chega. É preciso responsabilizar e intimidar o poder Político, para que saibam que nós não estamos a dormir. Um dos exemplos mais gritantes, é o facto de ex responsáveis de cargos públicos coleccionarem reformas e subvenções vitalícias como se de cromos se tratassem. Nós merecemos respeito, mas para sermos respeitados, temos de nos dar ao respeito, exigindo mais de quem nos governa, mas exigindo mais de nós próprios. Sejamos socialistas, comunistas, sociais democratas, temos de ter acima de tudo, consciência social.

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